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Vizinhos falam sobre isolamento de Andreas Richthofen: “Ele precisa de alguém para dar apoio”

Rapaz vive sozinho em chácara que era dos pais, no interior de SP, e acumula processos e dívidas

Rapaz vive recluso no interior de SP
Andreas von Richthofen foi flagrado por equipe de reportagem no interior de SP, onde vive isolado (Reprodução/Geral do Povo/RedeTV!)

Andreas von Richthofen, irmão de Suzane ex-Richthofen, condenada por matar os pais, foi encontrado por uma equipe de TV na chácara em que vive isolado, no interior de São Paulo. Imagens do rapaz, registradas após anos de sumiço, foram exibidas no programa “Geral do Povo”, na Rede TV!. Apesar das tentativas para que ele gravasse entrevista, até mesmo com oferta de dinheiro, ele se recusou. Vizinhos ouvidos relataram sobre a triste rotina do jovem.

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“Ele não fala com ninguém, não para [na rua]. Até paramos algumas vezes para tentar dar carona para ele, mas ele ignora e passa direto. Antigamente nós brincávamos juntos, com buggy, bola”, disse um dos moradores do bairro, que afirma conhecer o rapaz desde a infância.

Já outro homem contou ao jornalista Geraldo Luís que conhecia o casal Richthofen e era acostumado ao ver Andreas na chácara da família. Antes dos pais serem mortos, ele era sorridente e comunicativo. Porém, tudo mudou e agora ele insiste em viver recluso, sem telefone e internet, na propriedade com sinais de abandono. “Ele precisa de alguém para dar apoio pra ele ou até de uma internação”, disse o vizinho, que afirma que o rapaz só sai de casa a cada 10 dias.

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“Acredito [que hoje ele viva desse jeito] por recordação do fato ocorrido, a morte dos pais, por saber que foi um crime premeditado pela irmã. Deve ser isso que faz ele se esconder assim”, disse outro vizinho.

Geraldo Luís chegou a chamar por Andreas na portaria da chácara, mas não obteve respostas. Depois disso, a reportagem exibiu imagens do rapaz caminhando por uma calçada, às margens de uma rodovia. Usando roupas pretas e óculos escuros, ele carregava uma mochila.

“Andreas precisa ser resgatado urgentemente. Ele vai morrer lá (...) magro, barbudo, largado. O menino que era o prodígio da família Richthofen, tão querido, que perdeu casas de milhões, perdeu a chance de ser um médico, hoje vive preso dentro da própria herança”, lamentou o jornalista, que ressaltou que a sua equipe vai continuar tentando contato com o rapaz para “salvá-lo”.

Ele tentou falar com o rapaz, sem sucesso
Geraldo Luís esteve em chácara onde Andreas Richthofen vive recluso, no interior de SP (Reprodução/Geral do Povo/RedeTV!)

De herança a dívida milionária

Andreas, de 36 anos, enfrenta vários problemas judiciais e não tem sido encontrado pelas autoridades para resolvê-los. Desde que a irmã passou a cumprir o regime aberto, em janeiro do ano passado, o rapaz se isolou no interior de São Paulo. Sem internet ou telefone por escolha própria, as autoridades não conseguem notificá-lo. Mesmo tendo recebido uma herança avaliada em R$ 10 milhões, ele já acumula uma dívida milionária sobre impostos dos imóveis que herdou.

Conforme revelado pelo jornalista Ulisses Campbell, apesar de ter travado uma briga judicial com Suzane e ter ficado sozinho com bens da família, entre eles carros, terrenos e seis imóveis, Andreas acumula problemas ao longo dos anos. O rapaz é alvo de 24 ações na Justiça de São Paulo por dívidas de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e condomínios atrasados, somando débitos de aproximadamente R$ 500 mil.

Além disso, entre as dívidas está a manutenção do túmulo em que os pais estão enterrados, no Cemitério do Redentor, no Sumaré, Zona Oeste da Capital.

Amigos do rapaz contaram ao jornalista que ele não quer vender o imóveis, pois mantê-los seria uma forma de preservar a memória dos pais. Porém, ele também não quer que Suzane tenha acesso a eles. Como não é casado e não tem filhos, a irmã seria sua única herdeira.

Desde que se refugiou em um sítio em São Roque, também herdado dos pais, durante a pandemia, Andreas manteve pouco contato com os conhecidos.

Campbell destacou que, nos autos dessas ações judiciais, os procuradores do município de São Paulo afirmam que vão preparar ações para levar os imóveis de Andreas a leilão, já que ele se recusa a quitar os débitos.

Suzane ao lado de Andreas e dos pais, Marísia e Manfred Richthofen

Nova vida de Suzane ex-Richthofen

Enquanto Andreas vive isolado, a irmã dele, Suzane ex-Richthofen, de 40 anos, condenada por matar os pais, se tornou mãe recentemente e vive com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, em Bragança Paulista, no interior de São Paulo.

Ela oficializou a união estável com Muniz no último dia 13 de dezembro. Na ocasião, a ex-presidiária aproveitou para mudar de nome, quando passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz.

A mudança ocorreu em todos os documentos da assassina, que, para não cortar todos os vínculos familiares, adotou o sobrenome da avó materna, Lourdes Magnani Silva Abdalla, que morreu aos 92 anos, em 2012. Além disso, incluiu o Muniz do companheiro.

O novo nome da ex-presidiária já consta na Certidão de Nascimento do filho, que nasceu na noite do último dia 26 de janeiro. O registro foi oficializado três dias depois, sendo que a criança recebeu o nome do pai e o sobrenome atual da mãe. Mas no campo destinado aos avós maternos do menino, constam os nomes de Marísia e Manfred von Richthofen.

Recentemente, ela chamou a atenção na cidade ao ser vista na Universidade São Francisco, onde retomou o curso de Direito. Suzane usou a boa nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingressar na universidade, onde ainda obteve uma bolsa de estudos.

Fotos da ex-presidiária na sala de aula e nos corredores começaram a circular em grupos de WhatsApp dos estudantes, que se diziam “chocados” com a presença da assassina. O jornalista destacou, ainda, que Suzane seguiu evitando qualquer contato direto, ficando na maior parte do tempo mexendo no celular.

Alunos ficaram chocados com a presença da assassina
Suzane ex-Richthofen iniciou aulas do curso de direito na Universidade São Francisco, campus de Bragança Paulista, no interior de SP (Reprodução/True Crime/O Globo)

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